Simbologia dos Divinos Raios de Luz: Azul e Verde

Olá, queridos jardineiros! Hoje inicio aqui no Grande Jardim este estudo profundo onde esta eterna aprendiz que vos escreve traça um paralelo filosófico entre a simbologia dos Raios de Luz com passagens bíblicas e a sabedoria das antigas tradições, sincretizando também os Chakras e a Cromoterapia. A proposta desse estudo é integrar os saberes para que possamos compreender em profundidade como atuam os Divinos Raios de Luz e como eles se manifestam em nós e por meio de nós. Começo esta série de estudos abordando o Raio Azul e o Raio Verde. Espero que este artigo possa ser edificante em seus estudos e te convido a compartilhar suas reflexões e pensamentos conosco nos comentários 😉

Raio Azul: São Miguel Arcanjo

“O Amor ao Divino e ao Sagrado como Caminho de Vida”

A Luz do Raio Azul ativa em nós a força, vontade e a fé. É a vitória da Luz sobre as Trevas. Como virtude é a coragem que liberta. O São Miguel Arcanjo que triunfa sobre o dragão – visto como um modelo angélico para as virtudes do “guerreiro espiritual”, em guerra contra o mal, por vezes também visto como sendo a “batalha interna” – a que enfrentamos individualmente entre nossa personalidade e a nossa essência, que tanto deseja ser integrada e manifesta através do Divino em nós. É interessante associar aqui neste estudo como o Raio Azul também ilumina o Chakra da Garganta e o Chakra Frontal (terceiro olho) – ambos tem como elemento o Éter. O Chakra da Garganra representa o som, a vibração e junto com o Chakra Frontal exprime nossa capacidade de receber, assimilar e comunicar. Aqui podemos correlacionar esses aspectos: dependemos do Éter (visto em tradições antigas como um símbolo do sopro divino, e em alguns textos é por vezes considerado o próprio Espírito), para observar a realidade, e assim assimilar os fatos e responder à eles. É aí que entra a nossa força e vontade para manifestar (comunicar), superando os desafios com fé e evoluindo eternamente. Indo mais além, o Azul também simboliza a esperança, o amor das obras divinas, sinceridade e piedade. Integrando os conhecimentos, podemos dizer que o Raio Azul nos revela o dom de perceber o certo e o errado, ou seja, a Inteligência – escolher dentre, separar o joio do trigo e em atos e palavras agir nessa sabedoria. Nesse momento, inevitavelmente me vêm a passagem bíblica em que o Senhor através do verbo, deu Luz ao mundo; em Gênesis Deus disse: “Faça-se a luz!” E a luz foi feita. 1:3 Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. 1:4

Em outras linhas de estudos vemos o Raio Azul sendo associado ao Orixá Ogum, que também é um arquétipo de guerreiro espiritual e comumente é sincretizado à São Miguel Arcanjo na Umbanda. Já no Hinduismo, temos o Deus Shiva – que possui um pescoço azul por ter bebido um oceano de veneno para salvar a humanidade, o que me leva a pensar no aspecto da piedade, justiça e sabedoria divina desse Raio.

As propriedades de cura do Raio Azul se relacionam então as virtudes e qualidades citadas acima, nos auxiliando com a proteção de São Miguel Arcanjo com sua a Espada do Amor à Sabedoria e o Escudo da Coragem e da Fé para realizar as mudanças necessárias em nosso caminho evolutivo. Este Raio também nos ajuda a reconhecer nosso verdadeiro propósito em vida e a curar nossa comunicação. Na Cromoterapia pode ser usado para reduzir a ansiedade, a angústia, o medo e as aflições.

Raio Verde: São Rafael Arcanjo

“Amar Tuas Virtudes e através da Sabedoria, Agir em Amor”

O Raio de Luz Verde ativa em nós a verdade, o autoconhecimento e a cura. É a Luz da Cura de Deus, São Rafael Arcanjo – portador da virtude da cura, do dom da transformação, da beleza curativa – geradora de harmonia. A força do Raio de Luz Verde é a da Verdade e quando associado ao sistema de Chackras, essa luz ilumina o Chakra Cardíaco (Coração) – tem como elemento o Ar e representa o Amor Incondicional. Para muitas tradições, o Coração é considerado o grande elo do nosso corpo físico com os sutis. Nas tradições cristãs, o símbolo do coração é visto como o cálice onde se recebe a Água Viva que é a própria Verdade de Deus. Quando associamos esses aspectos e simbologias, podemos compreender que é a Verdade que possibilita o autoconhecimento e a cura, pois sem reconhecermos a Verdade de nosso coração, a cura não é possível. João 8:32 – Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Só quando nos permitimos à adentrar o nosso templo interior em busca da verdade é que podemos acessar a Fonte de Água Viva e curar nossas dores, traumas e fragilidades, mas também nos relembrar de nossas qualidades, dons e virtudes. Assim, liberamos todas as mentiras e enganações que haviam se erguidos como muros em volta do nosso centro divino. Indo além, o Verde também simboliza a imortalidade, a vitória da vida sobre a morte, pois aquilo que pensamos que seria nossa morte (ao nos deparar com nossas sombras), na Verdade nos transforma em um corajoso pilar de força e luz. Essas são as curas físicas e espirituais através do poder de Deus. Integrando os conhecimentos, podemos dizer que o Raio Verde nos revela o dom da sabedoria do coração, o discernimento de saber orientar e escutar, de animar a fé e a esperança das pessoas. Só quando conhecemos a Verdade do nosso coração é que somos capazes de orientarmos bem a nossa vida e a de quem nos pede um conselho.

Em outras linhas de estudos vemos o Raio Verde sendo associado ao Orixá Oxóssi, que também é um arquétipo de conhecimento e de cura. Interessante notar que há algumas imagens de São Arcanjo Rafael onde ele porta uma espada ou flecha afiada – e a flecha é um dos elementos também do Orixá Oxóssi, porém este Arcanjo é comumente sincretizado com outro Orixá, assim como Oxóssi se sincretiza com São Sebastião. Já no Budismo, temos a Tara Verde – deusa da compaixão universal, da iluminação e das ações virtuosas. Diz-se que ela é a mãe de todos os Budas. A palavra Tara significa “libertadora”. 

As propriedades de cura do Raio Verde se relacionam então as virtudes e qualidades citadas acima, nos libertando através da Verdade do Amor Incondicional que nos ensina a compaixão e o perdão. Purifica e harmoniza nossas emoções, trazendo luz à consciência centrada no coração. Na Cromoterapia, a luz verde pode ser usada para tranquilizar a mente, reduzir o estresse e restaurar o equilíbrio.

~*~

Ahoo! Que bela semente aqui no Jardim. É com muito Amor & Gratidão que me coloco para servir à Sabedoria, sendo esta o farol que ilumina a humanidade. Porém, cabe à cada um de nós meditar e refletir sobre os ensinamentos e principalmente, colocá-los em prática afim de evoluirmos. SOMOS UM.

Artigo por YanRam para O Grande Jardim.

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O caminho do Guerreiro Sagrado: onde o Herói e o Curador convergem

“É melhor ser um guerreiro em um jardim do que um jardineiro em uma guerra” ~ Parábola Zen

O jardim é uma metáfora para a interconexão de todas as coisas e o guerreiro e o curador são arquétipos da nossa consciência que se manifestam em nós e através de nós. Mas, a maioria dos guerreiros desconhece a interconexão da teia da vida e, por tanto, desconhece o jardim. Um guerreiro que desconhece o jardim é apenas um bruto – a coragem está ali, mas lhe carece a compaixão. Esse tipo de guerreiro é um tanto profano e isso se dê talvez por ignorância ou por algum tipo de repressão interior. Porém, mesmo desconhecendo o jardim, isso jamais os desconectará da grande teia da vida. Todos sempre estaremos ligados ao Todo, sabendo disso ou não.

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Guerreiros Sagrados, por outro lado, compreendem que o jardim é o mais importante. Eles sabem que o seu caminho no jardim começou com o nascimento, desenvolvimento em saúde, equilíbrio e disciplina, e também sabem que terminarão no jardim com a morte como adubo para novos ciclos de vida e saúde. Mas para esse guerreiro, o caminho é claro. É através do amor. O amor é uma espada do guerreiro; onde quer que corte, dá vida, não morte. É aí que o Herói e o Curador se convergem, no jardim da mortalidade.

O Jardim da Mortalidade

“Os guerreiros vivem com a morte ao seu lado, e por saberem que a morte é sua companhia, eles criam coragem para enfrentar qualquer coisa, pois o pior que pode nos acontecer é morrer, mas esse já é o nosso destino inalterável, por tanto, somos livres, já não temos mais nada a temer.” ~ Carlos Castaneda

Enquanto o herói reúne coragem e a força de compreender as cinzas da morte, o curador reúne a saúde e interconexão do adubo da morte. Ambos se unem para se tornar o guerreiro sagrado. O jardim da mortalidade é por tanto, a eterna dança entre a vida-morte-renascimento e os guerreiros sagrados conhecem bem essa dança, e a respeitam. Eles honram a mortalidade e prestam homenagem à finitude ao mesmo tempo que contemplam o Infinito. Caminham conscientes da morte, pois a morte os ensina a viver. Isso lhes dá perspectiva. Desatando os nós com um punhal de amor, eles aprendem a viver bem para eventualmente bem morrer. Sua mortalidade é auto realização. Aqui, o guerreiro está em paz com o fato de que vai morrer, e é justamente essa paz que transforma o medo em combustível de coragem.

O Jardim das Sombras

“Nossa imaginação voa – somos sua sombra na terra.” ~ Vladimir Nabokov

Onde o herói integra a sombra para transformar demônios em diamantes e o curador integra a sombra para transformar feridas em sabedoria. Ambos se unem para se tornar o Guerreiro Sagrado.

O jardim das sombras é a última encruzilhada existencial. Guerreiros sagrados o frequentam para descobrir o renascimento. É no jardim das sombras que o guerreiro egocêntrico comum morre, e o guerreiro sagrado nasce com uma perspectiva centrada na alma. O jardim das sombras é diferente para cada guerreiro, mas sempre está envolto à experiências e questões espirituais e existenciais.

Noites escuras da alma são predominantes. A morte do ego é comum. A aniquilação é onipresente. Após o casulo, a sombra se torna para sempre uma aliada do guerreiro sagrado. A morte e as trevas são honradas. A dor e sofrimento são integradas. Sombra e luz se confundem. Coragem e força combinam-se com compaixão e abertura do coração para criar a vulnerabilidade absoluta da Alta Graça.

O Jardim do Desapego

“Busque a liberdade e torne-se cativo de seus desejos. Busque a disciplina e encontre sua liberdade.” ~Frank Herbert

Onde o herói pratica o desapego para encorajar a disciplina e a tolerância, o curandeiro pratica o desapego para inspirar disciplina e mente aberta. Ambos se unem para se tornar o guerreiro sagrado.

O jardim do desapego é um pivô espiritual para um crescimento superior. Guerreiros sagrados aqui vem para aprender cultivo, perspicácia e responsabilidade. Aqui, a disciplina é mais importante e é o segredo do desapego. E o segredo da disciplina é a prática. Mais especificamente, a prática que vem de uma rotina saudável. Compreendendo que é preciso ceifar hábitos que não fazem mais sentido ou não estão mais alinhados com o seu caminho, remover as ervas daninhas que sugam sua energia, permitindo que seu jardim interior floresça.

Guerreiros sagrados inspiram disciplina na rotina de cultivo do jardim, e é essa rotina que cria um crescimento desvinculado de si mesmo, onde o resultado não é associado ao seu crescimento e auto valor. É um tipo de crescimento que personifica o jardim e não o ego. Dessa forma, não se torna egoísta ou arrogante. A auto preservação fica em segundo plano, dando espaço para a auto superação.

O Jardim do Serviço

“Estratégia é um processo mental no qual sua mente se eleva acima do campo de batalha. Você tem uma sensação de um propósito maior para sua vida, onde você quer estar no caminho, o que você decidiu realizar. Isso torna mais fácil decidir o que é realmente importante, quais batalhas evitar. Você é capaz de controlar suas emoções, de ver o mundo com um grau de desapego.” ~Robert Greene

Onde o herói se torna um com todas as coisas (Deus) para honrar a humanidade através da segurança e da liberdade, o curador se torna um com todas as coisas para curar a humanidade através do amor e do serviço. Ambos se unem para se tornar o guerreiro sagrado.

Armado com a Morte como uma bússola, a Sombra como uma aliada e o desapego como uma disciplina, o guerreiro sagrado descobre o propósito mais elevado do eu como jardim e do jardim como eu.

No jardim do serviço superior, os guerreiros sagrados têm a coragem de se fazer as perguntas difíceis: “Seu caminho tem coração?” “Você está vivendo sua melhor vida?” “Sua vida tem propósito e significado?” E então eles têm a audácia de reverter essas questões na humanidade.

Guerreiros sagrados lutam pela humanidade e curam a sociedade através do poder do amor incondicional. Eles são principalmente uma força da natureza (a personificação do próprio jardim). Eles refletem o jardim para a humanidade como um espelho, refletindo as qualidades curativas e implacáveis ​​do jardim. Eles são mecanismos de nivelamento social da mais alta importância, ensinando como a humanidade está doente enquanto também tentam protegê-la de outras doenças.

Seu serviço dá ao seu propósito uma clareza que atravessa todas as coisas. Suas mentes estão claras. Suas almas são afiadas. Seus corações são antifrágeis. Com o abismo atrás deles, o horizonte está bem em frente, aberto e expansivo. O amor deles é incondicional. Sua força é implacável. O curador rega as raízes do herói. O herói abre o terceiro olho do curador. Juntos eles permanecem, vigilantes em sua proteção vital do jardim.

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Ahooo ~~ ❤ Que a força do amor, da coragem e da verdade sejam nossos escudos e espadas nessa linda caminhada que é viver na Terra, nosso grande jardim.

Artigo por Gary Z McGee em @Fractal Enligment. Tradução de YanRam para O Grande Jardim.

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Não tem como ser Anticapitalista sozinho

O nosso erro começa, pois, na pós-modernidade não existe uma identidade revolucionária, com os vários caminhos e as várias faces da esquerda atual. Frequentemente eu vejo posts super-radicais que apenas fragmentam e dividem a “turma” entre radicais e pelegos, e vira uma disputa contínua que se retroalimenta e não agrega em nada, essa falta de semântica entre reformistas e revolucionários nos faz perder muito tempo e não focarmos no que realmente tem que ser feito. Como todo sistema cria as suas próprias anomalias, o Capitalismo não está imune a essa condição, pois ele mesmo cria os “Anticapitalistas”. E eu percebo um estreitamento, uma pressão cada vez maior na população principalmente se tratando do nosso cenário brasileiro, existe um acirramento, porque percebo que está em curso uma “desmocratização” liberal, ou seja, muitos dos direitos que resguardam o individuo perante o coletivo que foi conquistado com muito suor e sangue, estão sendo retirados, pasmem, por vias democráticas.

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E tem muita gente que sente os efeitos disso mesmo que de forma subjetiva, muito em conta de uma crise econômica de certa maneira fabricada, mas que faz parte das crises cíclicas inerentes a esse sistema, que foram agravadas com essa pandemia; Por exemplo: a política que rola há pelo menos a cinco anos por aqui de forma contundente. Mas o que observo é que temos uma taxa de mobilização em nossa sociedade relativamente baixa, em momentos e locais específicos a gente vê pessoas se juntarem, quando existe uma tragédia, como agora mesmo diante dessa pandemia ou no caso da esquerda quando a Marielle foi assassinada, mais recentemente quando houve a movimentação pela Educação e Pesquisas e as queimadas na Amazônia; Mas da pra ver que vivemos isso em ciclos, vamos às ruas depois voltamos, voltamos às ruas depois recuamos, e isso vai gerando uma frustração muito grande pra quem vai e adere a essas pautas, porque a gente fica naquela duvida se ao final daquele movimento, daquele dia vai haver um resultado concreto, até que ponto essas pautas e demandas serão atendidos?  Isso vai nos frustrando drasticamente.

Eu por exemplo em minha adolescência aderi a todos os movimentos de “Não ao aumento das tarifas de transporte”, desde que o José Serra era prefeito isso em 2005 e subsequentemente até 2013 e de lá pra cá, apanhei de PM e tudo mais e a tarifa só aumentou! E todo esse movimento ainda serviu de estopim para a derrubada da Dilma em 2016, quer frustração maior que essa (risos). Tudo isso faz a gente pensar o porque eu vou pra rua, o porque vou aderir a A ou B se não vejo efeito concreto diante disso; A não ser uma disputa de narrativas posteriores e ilações a certa disso ou daquilo. O que eu quero expor aqui é o seguinte, nós temos que pensar seriamente o quesito ORGANIZAÇÃO, que é necessário a gente compreender que é o anticapitalismo pra ele ter um efeito mais perene num projeto de sociedade e poder, ele tem que ser de “ponta a ponta” do “anti ao pró”, ou seja, o anticapitalismo surge da observação e entendimento das tensões e exploração inerentes a esse sistema QUE NÃO FUNCIONA. Mais o que a gente quer por no lugar? E uma vez isso definido surge o principal, como chegaremos lá JUNTOS? Por quais vias? Essa é a pergunta chave!

Creio que não tem como a gente se contentar em falar de anticapitalismo sem desdobrarmos quais são as experiências que já ocorreram no campo pessoal e histórico, o que a gente quer aproveitar delas e o que a gente quer deixar no passado, e o que temos que  construir, porque temos desafios novos também, porque eu vejo que a esquerda atual tem o duplo desafio em apagar incêndios momentâneos e as mentiras proferidas pela direita, e ao mesmo, ter tempo para dialogar suas visões e expor as coisas de forma mais racional. O que se torna um trabalho muito cansativo, em apontar uma mentira e mostrar o porque aquilo é uma mentira. Então, fica nítido o despendimento energético da galera mais acadêmica que se baseia em ciência e observação das ciências principalmente as humanas, ou ciência como um todo em tempos de terraplanismo intelectual e pós-verdades.

Eu vejo muito a galera do Eco socialismo, que é uma pauta realmente atual tendo dificuldades tremendas no seu campo de atuação, tentando fazer a galera compreender mais sobre metabolismo ecológico, os limites materiais do nosso planeta em fornecer insumos e matérias-primas, porque mudança climática é um tema recente e pra ONTEM. E como reunir as diversas pautas e fragmentações entorno desse projeto de sociedade, e isso faz com que a gente tenha que pensar quais serão nossas táticas e estratégias muito, mais muito cuidadosamente. Mas ao mesmo tempo temos uma boa parte da população que está quase em outro plano, por conta da despolitização, ou, por conta das necessidades materiais inerentes a cada ser humano de sobrevivência mesmo, visto que 30% da população do Brasil vive em extrema pobreza, e eu queria discorrer um pouco sobre isso aqui, que um dos maiores males que vejo na galera de esquerda é essa, de que todo mundo é bolsominion, é alienado e isso e aquilo, porque o que podemos notar é que apesar de haver uma falsa polarização politica na sociedade e uma fragmentação dentro da esquerda e direita, inclusive a direita se mostrando bem fragmentada no momento, a partir disso a gente observa que tem disputas politicas ocorrendo em todo o mundo. O nosso papel como anticapitalistas é dar um sentido a tudo isso, e o que nós vemos é que as pessoas num geral em nossa sociedade, elas tem a nítida noção que elas estão sendo EXPLORADAS, mas elas não sabem por quem, perderam o foco de quem é o “Rei”, não tem pertencimento de classe. Nisso, o inimigo se torna algo vago, como Eu mesmo, o Diabo, os Iluminatti, os comunistas, o presidente, etc. Hoje em dia até mesmo os direitistas Olavistas se acham os revolucionários, sim, eles acham que estão “revolucionando”, o século XXI realmente produziu aberrações intelectuais!

Retomemos o foco, nós temos noção do que é a exploração, o que é o suor o cansaço, o correr atrás do próprio rabo, o boleto que venceu, vender o almoço pra ter a janta. O que é a luta pelo direito a cidade, qualquer um que more em uma grande cidade sabe, lutar pelo espaço o publico, enfim. Essas pessoas, elas tem noção do que é a desigualdade e a exploração também; O que a gente precisa trabalhar é esse deslocamento sobre o entendimento do que é a exploração e desigualdade, porque elas não precisam ler Marx, elas sentem isso na pele empiricamente, e temos que deslocar isso para uma ciência de classe, de pertencimento a um determinado espaço e grupo, sem muitos florismos intelectuais, pois o que falta entender é que se você é explorado então você é classe trabalhadora, não você não é um “parceiro”, sócio, empresário um empreendedor em potencial, você é um explorado. Existe uma tendência hoje em dia em romantizar quem “trabalha duro”. “Não eu trabalhei muito, muito duro, tive várias profissões e isso me dá aval a ter qualquer aspiração”; Quando isso na verdade é muito ruim, e só serve para se achar distante de quem não se “esforçou” realmente, quando na verdade você pertence à mesma classe de EXPLORADO, ou seja, CLASSE TRABALHADORA. Vejo que temos que realmente usar o nosso tempo para dar esse sentido às pessoas de que estamos no mesmo barco, independente de identitarismos toscos ou ideológicos, ou se você tem casa própria ou mora num barraco, todos somos TRABALHADORES EXPLORADOS, por um sistema que já esta feito e independe de atores, ou seja, se tirar a pessoa não muda nada!

Existe a PL 5491/2019 do Clauber Braga, que hoje em dia parece absurda, que faz distinção entre emprego e tempo de lazer, e direito a um emprego digno, porque como dito a cima existe uma glamorização de que existe bastante exploração eu trabalho muito e uma hora o jogo vai virar, e essa concepção é puramente ideológica que impede que as pessoas tenham uma noção direta da sua compreensão como classe, então eu diria que não há uma alienação direta como dizem por ai, de que o empreendedorismo subiu a cabeça ou algo do tipo, quando na verdade é a necessidade material que faz com que as pessoas busquem ferramentas e caminhos disponíveis dentro da sua ótica de mundo. É isso que quero deixar claro, as pessoas entendem, ou melhor, sentem na sua própria pele a sua condição de explorado, o que lhes faltam é justamente essa condição situacional de pertencimento de classe, para que assim elas possam extravasar essa condição de forma mais focada e com propósito. O que a gente precisa trabalhar um pouquinho é que tipo de significado, que ponte de significado a gente tá criando entre nós, quais são as linguagens que a gente usa para interpretar nossa realidade e fomentar vínculos entre nós? Eu digo, nós porque eu também sou militante e também sou classe trabalhadora, os meus ao meu redor também o são, só que temos muita gente em condição precária que não tem nem tempo para dormir uma hora a mais, quanto mais tempo para militar ou se aprofundar em um determinado assunto. Esses são os desafios para a esquerda que esta organizada em meio a tanta fragmentação, estar trabalhando nessa questão de linguagem o que alguns chamam de “Campo Semântico”; Semântica tem haver com significado, que tipo de significado comum nós conseguimos estabelecer com todas as pessoas, e essas situações que a gente esta hoje em dia de calamidade e desumanização continua, faz com que, quando a gente pensa em resistir existe o medo da opressão.

Principalmente quem esta no Campo, seja movimentos como o MST ou os indígenas, nas cidades os movimentos como o MTST e associação de moradores de comunidades carentes, essas pessoas já sentem diretamente essa opressão, não precisa de muito para ver quantas lideranças do Campo já foram mortas, mais recentemente no Maranhão e um caso emblemático urbano o que aconteceu com a Marielle Franco. Ai quando a gente pensa, à vamos reunir um monte de gente para fazer alguma coisa, esse medo da repressão triplica, porque as pessoas já sentem isso no seu dia a dia de forma velada e subjetiva. Porque a democracia nesses espaços já é falha e muitas vezes nem chegaram por lá. Única maneira que vejo da gente recobrar essa confiança é através da solidariedade, é estando fisicamente presente, preencher essas lacunas deixadas pela anomalia sistêmica, é mostrando serviço, e não teorizando no “chão” das universidades e espaços de classe média pseudo intelectual, é quase um jargão um mantra a gente ter que ficar batendo na mesma tecla de que a esquerda tem que voltar a fazer o trabalho de BASE, mais o que significa fazer esse trabalho de base, não pode ser interpretado como “há, daqui dois meses tem eleição tenho que botar a cara”, tem uma fala muito interessante da Ester Solano que diz: “muita gente se voltou para igreja evangélica, não é porque já tinha um fervor muito grande em Jesus, porque na hora que o negócio apertou eram eles que estavam lá…”; Outra pesquisadora a Gabriele Nascimento fala nessa mesma linha, muito interessante porem doloroso para nós da esquerda assumir, é que: “Quando teve o massacre no presidio em Altamira, quem esta lá para auxiliar as mães e esposas do lado de fora? A igreja Universal e Católica, dando comida e suporte as famílias”. Então onde a gente está nesses momentos mais cruéis? Quando tem as chacinas nas periferias, onde a esquerda esta? Lacrando na internet? Onde nós estamos no dia à dia, na militância para que essas coisas nem aconteçam? Esse é o ponto, onde construímos essa ponte semântica revolucionária, é estar presente no quotidiano de coisas que nem sequer viram noticia de jornal. É ai que a gente vai construindo um movimento onde se entender como explorado passa a virar um entendimento de CLASSE EXPLORADA!

Eu não estou sozinho, eu não me sinto sozinho, tem outros aqui comigo lado a lado, isso que dá sentido de grupo a nós humano, inclusive isso é o que nos torna HUMANOS, estamos passando por situações similares, eu tenho com quem contar, e a partir do momento que eu tenho com quem contar automaticamente eu tenho como me ORGANIZAR, Onde esta a sua radicalidade? E nesse momento que as pessoas têm medo da repressão, a resistência ela se dá através desses espaços que passam meio despercebidos pelos aparatos de repressão, espaços como hortas comunitárias, como economia solidária, creches comunitárias, espaços onde a gente se dá a mão e tem a possibilidade de sentir a necessidade do outro, e isso é extremamente poderoso, mais não dá “lacração”, não dá muita curtida, não parece interessante aos olhos de quem acha que o sistema vai cair através das armas, da radicalidade, nós temos muito trabalho antes de chegar em um momento chave como esse, ai eu tenho que descordar dos meu camaradas que acreditam que a revolução já esta ocorrendo, a revolução ainda não esta acontecendo, quem dera, porque a revolução não tem mais essa cara de estar falando de revolução, a revolução acontece no momento em que nós começarmos a chacoalhar as bases, não no sentido de acabar com a desigualdade, mais sim destruir o SISTEMA CAPITALISTA, nunca poderemos desviar da nossa pauta mestra, nós não viemos amenizar as dores do sistema, que isso não funciona, por isso a organização é necessária, junte-se aos espaços nos quais as necessidades são concretas, e eu sei que cada pessoas que ler isso trabalha e rala todo santo dia e sabe de suas necessidades, elas criam pontes para as necessidades das pessoas ao seu redor, e a partir disso a gente vai conseguir conversar um com o outro, e criar laços de confiança e solidariedade que estão tão fragmentados em nossa sociedade hoje, que estão em uma situação de anomia e que a partir disso a gente vai chegar naquele ponto tão almejado de combinar as “revoluções” e finalmente derrubar esse sistema.

Ai eu quero finalizar sobre essa questão importante: NÃO TEM COMO SER ANTICAPITALISTA SOZINHO. PAZ.

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Luccas Fortuna Gonçalves 10/04/2020

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A Sabedoria Ancestral da Medicina Tradicional Chinesa

Segundo uma das máximas do Tao-Te-Ching, aquele que conhece os outros é sábio, aquele que conhece a si mesmo é iluminado. Continuar lendo “A Sabedoria Ancestral da Medicina Tradicional Chinesa”

O que é o Tempo? A Teoria da Relatividade e o Calendário 13 Luas

 

Esse tal de tempo que passa lento mas às vezes correndo, de um jeito que mal vejo se não estou atento aos momentos. Os momentos que compõe o tempo ou o tempo que compõe os momentos? É um paradigma, de fato.

O que é o tempo? O que percebemos como tempo? Como definimos e marcamos o tempo? Continuar lendo “O que é o Tempo? A Teoria da Relatividade e o Calendário 13 Luas”