A Sabedoria Ancestral da Medicina Tradicional Chinesa

Segundo uma das máximas do Tao-Te-Ching, aquele que conhece os outros é sábio, aquele que conhece a si mesmo é iluminado.

A China é uma das mais antigas civilizações do planeta. Da mesma forma que os Vedas constituem o conjunto das escrituras sagradas de várias religiões da Índia, a milenar cultura chinesa fundamenta-se em cinco livros ou cânones, chamados Ching (literalmente, “o livro”): o I-Ching, o Che-Ching, o Chou-Ching, o Tch’Ouen-Ts’ Icou e o Li-Chi. O I-Ching, ou Livro das Mutações, surgiu na China há cerca de 3000 anos, mas teve sua origem em formas oraculares ainda mais antigas, de uma época conhecida como “era mítica do Imperador Fu Hsi” (aproximadamente 3000 a.C.). Esse herói mítico, considerado o fundador da civilização chinesa, parece ter sido o inventor dos oito trigramas básicos do I-Ching e suas combinações em 64 hexagramas. Inicialmente um livro de oráculos utilizados pelos adivinhos para prever o futuro ou indicar a conduta em determinadas circunstâncias, o I-Ching serviu de inspiração para Confúcio nos últimos anos de sua vida. Todas as versões conhecidas hoje foram comentadas por ele e, sob essa forma, chegaram até nós.

O Che-Ching, entre outras coisas, dedica-s ao estudo da ética e da estética segundo eram ensinadas ao povo pelos nobres em épocas antigas. Nele constam orientações de conduta, temas ligados às ciências naturais, à moral, à música etc. O Chou-Ching é uma compilação das mensagens imperiais antigas sobre códigos e regulamentos.

O Tch’Ouen-Ts’Icou, escrito por Confúcio é uma escrita bastante severa embora muito simples sobre a prática da moral e dos costumes saudáveis, das regras sociais e dos códigos de honra. O Li-Chi tem como tema os sistemas de administração dos vários governos e as leis sociais.

Os Fundamentos da Medicina Chinesa

Esses cinco livros chineses datam de mais de 3000 anos e não se sabe exatamente qual deles surgiu primeiro. Tratam de temas bastante variados, e os assuntos ligados à saúde e à medicina são abordados com muita freqüência. O Li-Chi, por exemplo, aponta quatro ordens de médicos segundo o entendimento das autoridades da época.

O médico de primeira ordem, o nutricionista, era responsável pela manutenção da saúde de toda a população por meio da alimentação e das orientações dietéticas. Essa categoria de médico era muito respeitada, e ele recebia o nome de kokusyu (ou seja, “salvador da nação”). Esse termo é usado ainda hoje, no Japão, na China, para designar um bom médico. Em segundo lugar vinha o médico que tratava das doenças crônicas internas; em terceiro, o médico que se dedicava às doenças externas; e, por ultimo, o médico de quarta ordem, o veterinário. Nesses mesmos escritos também encontramos os quatro livros que contem as palavras e os ensinamentos de Confúcio, recolhidos e comentados pelos discípulos do famoso mestre; o Tao-Te-Ching, que representa a filosofia de Lao-Tsé, considerado o fundador do taoísmo; e o conhecido Nei-ching, o primeiro livro que tratou detalhadamente da acupuntura. Assim, é nesses livros que encontraremos as bases da medicina tradicional chinesa, desde os tempos antigos até nossos dias.
Daí surgiram as técnicas da acupuntura, da moxabustão, da massagem chinesa, do Do-In, da fisioterapia chinesa, da farmacologia chinesa, auriculoterapia, do Tai-Chi-chuan, das artes marciais ligadas ao Kung-Fu e ao Chiao-Li-Chuan.
Todas essas artes têm como base fundamental a busca do equilíbrio entre as forças Yin e Yang. Seguem a ideia original de que o Universo é gerado e mantido pela energia cósmica, ou Chi (energia vital), que, quando em desequilíbrio, predominado o Yin ou o Yang, determina transtornos e doenças dos mais diversos matrizes.
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Uma Força Cósmica Original e Superior

Segundo a tradição oriental, tudo aquilo que pertence à vida manifestada tem uma só origem, uma força cósmica superior, um princípio eterno, atemporal, uma realidade absoluta não sujeita a transformações. Os Vedas afirmam que essa força é tão transcendente que dela nasceu o próprio Brahma, o Deus Puríssimo, criador do Universo. Essa mesma força é conhecida por diversos nomes como as Águas Genesíacas, a Grande Mãe, o Grande Espírito, o Grande Alento, o Mar de Fogo sem Praias, o Svayambhuva, a Vida Una, a Eterna Presença, o Espaço, o Todo, o Ain-Suph (ou Tudo-Nada), o Sopro Supremo, etc.

Matematicamente, esse princípio pode ser definido como o zero, o nada. Para os Chineses, essa força é denominada o Tao, o absoluto; o livro de ensinamentos deixado por Lao Tsé, adverte: “O Tao que se imagina, ou que pode receber um nome, não é o verdadeiro Tao”. 

Reflexos no Ocidente

Muitos filósofos ocidentais apreenderam essa ideia de uma força original geradora da vida. Entre os gregos, inúmeros pensadores nos transmitem esse conceito, mas é bem mais tarde, com o filósofo racionalista Spinoza (1632-1677), que ele se torna mais cristalino. Spinoza chamou essa força de causa sui, isto é, a causa de si mesma, a causa sem causa, considerando ser um absurdo a ideia de que os mundos possam ter tido ou vir a ter um princípio sem se apoiarem em uma realidade substancial ilimitada e eterna.

Esse pensamento ratifica a visão hinduísta de uma “substância” como base da manifestação dos universos, a causa do espírito e da matéria, algo que não tem início nem fim, que não tem passado, presente ou futuro, que transcende o tempo como única realidade certa, incontingente. Obedecendo à uma lei cíclica, essa força ou substância eterna manifesta-se periodicamente, polarizando-se e fazendo surgir dois pólos antagônicos mas complementares. A substância primordial é o “Não-Ser” que polariza no “Ser”. Portanto, tudo o que existe, tudo o que “é”, obrigatoriamente tem uma manifestação polar. Assim, o espírito e a matéria (ou Purusha e o Prakriti dos hindus), o bem e o mal, as luzes e as trevas, a atração e a repulsão, a inércia e o movimento são atributos ou qualidades da Substância Eterna, ou o Tao.

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O Movimento Constante

A partir dessa polarização, os elementos assim formados estão em constante processo de atração e repulsão, ou em atrito, determinando a própria dinâmica da vida: pólos contrários se atraem e, sem modificarem sua estrutura, geram uma terceira coisa. Tudo aquilo que adquire então uma conotação polar está sujeito a transformações contínuas. O processo só chega a um fim quando o mecanismo arquetípico da criação determina uma ação de retorno, ou de recolhimento, ocasião em que a Substância Original recebe de volta aquilo que teve origem em seu próprio seio. Nesta fase, a vida entra no seu período de repouso, ou de pralaya, que é um estado incompreensível para a mente racional comum.

Na verdade, o Tao absoluto jamais pode estar em repouso, pois representa o movimento intrínseco e transcendente, gerador e mantenedor da vida, embora a nossa limitada compreensão o perceba como uma imobilidade absoluta, ou o vazio. Assim, a Substância Eterna se polariza e se despolariza, voltando constantemente ao “Não-Ser”, numa sucessão que a sabedoria oriental chama de “os dias e noites de Brahma”. No período da “noite de Brahma”, a vida entra em latência, ou numa condição absoluta; no “dia de Brahma”, a vida acorda para a atividade, entrando na sua fase relativa.

O Equilíbrio das Energias

Princípios opostos e complementares, o Yin e Yang se engendram um ao outro como dia vem após a noite. Do equilíbrio entre essas forças depende a saúde do ser humano e suas relações harmônicas com o meio ambiente.

Para a medicina chinesa, o corpo humano capta a energia vital proveniente dos mananciais da natureza, como a alimentação, o ar, a água e o sol. Essa energia é então distribuída de modo perfeito por todo o organismo, através de canais invisíveis denominados meridianos, e polariza-se nas duas correntes já estudas, Yin e Yang. O desequilíbrio na distribuição dessas duas correntes, que gera as doenças, pode se dar de diferentes maneiras: seja por carência de um ou outro elemento polar num meridiano ou região do corpo, seja por excesso de um deles, obstruções, condensações, etc.

A parada completa do fluxo das forças Yin e Yang significa a morte. De acordo com esses princípios, então, o tratamento pelas terapias da medicina chinesa visa dois objetivos básicos: 1) curar as doenças presentes pela correção das falhas no fluxo energético, ou seja, pelo equilíbrio das forças Yin e Yang; 2) prevenir as doenças, conservando a saúde pela manutenção desse equilíbrio. O tratamento se dá pela sedação, que retira os acúmulos energéticos ou pela tonificação, que repõe carências. Isso é obtido por meio da ação sobre os canais energéticos ou meridianos.

Meridianos: Canais de Circulação de Energia

De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), o Chi – ou energia vital – flui por canais invisíveis que se distribuem sob a pele, chegando a todas as partes do corpo de modo a permitir a manutenção das funções orgânicas que garantem a vida. Por serem invisíveis a olho nu, esses meridianos eram considerados imaginários até a invenção, pelo cientista russo Kirlian, de um aparelho que registra fotograficamente esse canais.

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Imagem das Fotografias Kirlian

Para os estudiosos da atualidade, há um grande mistério em torno dessa rede de distribuição energética em épocas remotas. Como os médicos antigos foram capazes de elaborar mapas tão perfeitos desses canais e como chegaram a conclusões tão verdadeiras sobre diversos distúrbios que eles podem apresentar? Se tudo isso foi conseguido sem a ajuda de nenhum aparelho, por mais rudimentar que fosse, devemos buscar uma explicação com base apenas na sensibilidade e percepção humana.

De qualquer forma, sabe-se que o corpo humano possui 12 meridianos principais, centenas de secundários e milhares de terciários e quaternários. Cada meridiano recebe um nome e possui um símbolo de reconhecimento, segundo um código internacional estabelecido pelos países que adotam técnicas terapêuticas de MTC. Cada meridiano principal  recebe um nome relativo a um determinado órgão do corpo, mas isso não implica que ele esteja ligado exatamente a esse órgão, e sim à função metabólica que o órgão desempenha. E cada meridiano atua em um dos pólos Yin ou Yang, sendo eles considerados em duplas pela dinâmica do Zang Fu, que se refere a como as relações entre os diversos sistemas orgânicos são compreendidas dentro do referencial da Medicina Tradicional Chinesa. [1]

O termo chinês também poderia ser traduzido como Teoria dos órgãos (Zang) e vísceras (Fu). É fundamental considerar que as referências a órgãos não se limitam apenas a seu aspecto físico/material, mas também a seu aspecto energético/metabólico/emocional. O equilíbrio e os intercâmbios entre estes sistemas são explicitados pela Teoria dos Cinco Elementos, sendo eles: Água (Rins/Bexiga), Madeira (Fígado/Vesícula Biliar), Fogo (Coração/Intestino Delgado/Pericárdio/Triplo Aquecedor), Terra (Baço Pâncreas/Estômago) e Metal (Pulmão/Intestino Grosso). Dependendo em qual meridiano ocorre o desequilíbrio de Chi, são manifestados diferentes sintomas físicos, mentais e emocionais que podem ser equilibrados através das terapias da MTC, tais como dito antes, a massagem, auriculoterapia, acunputura, etc.

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Os 5 Elementos – Água (azul), Madeira (Verde), Fogo (vermelho), Terra (amarelo) e Cinza (metal)

Os 5 Elementos, Estações do Ano, Emoções, Meridianos  e o Zang Fu 

Elemento Água – Inverno – Medo – Bexiga e Rim

A água é a fase de energia associada ao Inverno, quando prevalece a força Yin. O Inverno é o tempo do descanso, da quietude, quando a energia é poupada, recolhida, condensada, conservada e armazenada. A água é um elemento muito concentrado, um grande potencial.  No corpo humano, a água está associada aos fluidos essenciais, como as hormonas, o sistema linfático, a medula, as enzimas, todos com um grande potencial energético.

Meridiano do Rim (Yin/Órgão Zang): Órgão de energia de reserva, expelem os subprodutos do metabolismo. É o órgão do desapontamento, da tristeza e melancolia. O meridiano atua sobre os rins e as glândulas supra-renais, contribuindo para a purificação do sangue e para a regulação de todos os líquidos do corpo. Relaciona-se diretamente com a energia sexual e problemas genitais, apetite sexual, medo, insegurança, determinação.

Trajeto do Meridiano: nasce na ponta do dedinho do pé, sobe pela face interna do mesmo, pela face interna da perna e da coxa, percorre o abdome e o tórax, próximo a linha mediana, e termina sob a clavícula. Comanda a função dos rins e das glândulas supra-renais, daí sua influência sobre a sexualidade e a vontade. Possui 27 pontos bilaterais.

Meridiano da Bexiga (Yang/Víscera Fu): Órgão de eliminação de toxinas líquidas e emoções negativas (Yin). Está relacionado com o medo extremo, negação da própria vida.O meridiano comanda toda a função de eliminação renal, e atua diretamente sobre o psiquismo. Ação sobre os olhos doridos, hemorroidas, rupturas, dedos dos pés duros, dores de articulações e de cabeça.

Trajeto do Meridiano: é o mais extenso do organismo e começa no ângulo interno do olho, sobe pela fronte, cruza o crânio da frente para trás por fora da linha mediana, desce pela nuca, ganha a escápula e a percorre de cima para baixo perto da linha mediana das costas, ao chegar na proximidade do cóccix desaparece da superfície para reaparecer na parte alta da escápula e seguir um curso paralelo com a linha anterior. Entra no membro inferior que percorre pela face posterior e depois por sua face externa ao chegar na panturrilha (barriga/batata da perna), terminando na extremidade do quinto dedo. Comanda a função eliminadora renal e não a bexiga. Possui 67 pontos bilaterais.

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Boneco com as linhas dos Meridianos – parte frontal

Elemento Madeira – Primavera – Raiva – Vesícula Biliar e Fígado

A próxima fase do ciclo das estações do ano é a Primavera, surge o elemento madeira do potencial energético da água, assim como as plantas florescem na terra na Primavera. Este é o novo estágio Yang do ciclo das energias. A fase Madeira é expansiva, alegre e explosiva. É uma geração criadora de energia, despertando o desejo sexual de procriar. Está associado ao vigor à juventude, ao crescimento e ao desenvolvimento.

A energia da Madeira pede livre expressão e espaço para dar vazão à sua expansão. Se bloquearmos o seu desenvolvimento, criamos sentimentos de frustração, raiva, ciúme e estagnação.

Meridiano do Fígado (Yin/Órgão Zang): é o centro do metabolismo. Coordena e determina o ritmo de atividade dos outros órgãos do organismo. É um órgão de eliminação de toxinas e resíduos a todos os níveis: físico, mental e psíquico. Pode acumular tensões provenientes de raiva e aborrecimentos. O meridiano comanda as múltiplas funções do fígado, especialmente as relacionadas com o metabolismo, sexualidade, a musculatura e a acuidade visual. Age sobre as dores no fígado e estômago. Atua nos problemas da parte inferior do corpo.

Trajeto do Meridiano: nasce da extremidade do dedão do pé, segue por seu bordo interno, continua pela face interna da perna e da coxa, ganha o abdome e termina no sexto espaço intercostal. Possui 14 pontos bilaterais.

Meridiano da Vesícula Biliar (Yang/Víscera Fu)

Comanda a função biliar total: sistema excretor e secretor, intra- e extra-hepático; é um órgão de eliminação. É denominado o “meridiano dos hipocondríacos”. É indicado no tratamento de doenças psicossomáticas; age sobre a coragem e o espírito de determinação, sobre as dores nos olhos, dificuldades de audição, tonturas, depressão, enxaquecas. Pode acumular disfunções provenientes de muitas dúvidas.

Trajeto do Meridiano: começa no ângulo externo do olho, percorre o crânio, descrevendo uma série complexa de curvas, chega ao ombro e continua pela face lateral do tórax e desce pelo membro inferior, percorrendo-o por sua face externa, para terminar na extremidade do quarto dedo do pé. Possui 44 pontos bilaterais.

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Elemento Fogo – Verão – Alegria – Intestino Delgado, Coração, Triplo Aquecedor, Pericárdio 

Assim como a Primavera se desenvolve naturalmente para o verão, também a energia expansiva e criativa da Madeira amadurece para a energia florescente do Yang velho, a energia do fogo. Esta é a fase mais cheia de energia de todo o ciclo, quando acontece a fase mais quente da energia Yang cheia. O fogo está associado ao coração, que é o local das emoções e o órgão que distribui o sangue e a sua energia pelo corpo. Está associada ao amor e à compaixão, à generosidade e à alegria, à abertura e à abundância. Se bloquearmos esta energia, o resultado é a hipertensão, os problemas de coração e as desordens nervosas.

Meridiano do Coração (Yin/Órgão Zang): faz circular os produtos do metabolismo. Representa o centro do amor, coragem e segurança. O meridiano comanda a função cardíaca. Atua sobre a temperatura corporal e é a considerada a morada da mente (shen). Atua sobre a boca e garganta, dor ou frio no braço esquerdo.

Trajeto do Meridiano: nasce no oco axilar, segue pelo antebraço, cruza o punho pela parte mais interna e vai terminar na extremidade do dedo mínimo. Possui 9 pontos bilaterais.

Intestino Delgado (Yang/Víscera Fu): órgão de eliminação e transformação da energia dos alimentos. Representa a libertação dos desperdícios. O meridiano atua sobre o intestino delgado e na sua função de absorção dos alimentos transformados no estômago. Atua na surdez, olhos amarelados, dor no cotovelo, na nuca e rosto inchado.

Trajeto do Meridiano: começa na extremidade do dedo mínimo, continua pelo bordo interno da mão, do antebraço e braço, cruza o ombro e a escápula em ziguezague, entra no pescoço e chega à face, terminando no pavilhão da orelha. Possui 19 pontos bilaterais.

Meridiano do Pericárdio ou Circulação-Sexo (Yin/Órgão Zang): representa uma função reguladora da sexualidade e das secreções sexuais internas e externas; atua sobre o coração, a circulação e os órgãos sexuais. Relaciona-se com a atividade parassimpática e com o transporte de hormônios, enzimas e produtos do metabolismo intermediário, através da circulação sanguínea. Atua sobre axilas inchadas, cãibras, peito inchado, sensação geral de melancolia.

Trajeto do Meridiano: nasce no tórax, por fora do mamilo, introduz-se no membro superior, que percorre por sua face interna e termina na extremidade do dedo médio. Possui 9 pontos bilaterais.

Meridiano do Triplo Aquecedor (Yang/Víscera Fu): representa uma função reguladora de equilíbrio térmico; é responsável pela produção de calor no corpo resultante da transformação energética dos alimentos. Relaciona-se com: respiração; digestão: auxilia-a do Intestino Delgado; sistema genito-urinário (excreção de detritos).

Trajeto do Meridiano: nasce na extremidade do dedo anular, sobe pelo dorso da mão, antebraço e face póstero-externa do braço, ganha o ombro, a nuca, contorna o pavilhão da orelha e termina no fim da sobrancelha. Possui 23 pontos bilaterais.

Elemento Terra – Verão Prolongado – Pensamento – Baço-Pâncreas e Estômago

No final do Verão chega o momento de interlúdio, de perfeito equilíbrio quando a energia do fogo diminui, transformando-se em energia da Terra, nem muito Yin nem muito Yang. Este momento é o clímax do ciclo. O humor das 5 fases está em harmonia neste momento, trazendo uma sensação de bem estar e plenitude. Na anatomia humana está associada ao estômago, ao baço e pâncreas que estão situados no centro do corpo e alimentam todo o sistema do corpo.

Meridiano do Baço-Pâncreas (Yin/Órgão Zang): retém energia de reserva, é o órgão de resistência a mudanças. O meridiano atua sobre a função combinada dos órgãos: o baço regula o sangue e o pâncreas regula as reservas de glicogênio (depositado no fígado) através da secreção de insulina. Atua sobre o desenvolvimento mental, moral e intelectual; sobre o sistema genital e seu psiquismo. Atua nos enjoos, soluços, indigestão, diarreia, indisposição geral.

Trajeto do Meridiano: nasce no dedo grande do pé, segue pelo bordo interno do pé, face interna da coxa, face anterior do abdome e lateral do tórax, terminando no sétimo espaço intercostal. Possui 21 pontos bilaterais.

Meridiano do Estômago (Yang/Víscera Fu): recebe alimentos e prepara-os para o metabolismo. É a relação administrativa de ideias e dos pensamentos.
O meridiano atua sobre o estômago e duodeno nas suas funções digestivas transformadoras dos alimentos; relaciona-se coma digestão física, mental e psíquica (a habilidade de digerir a vida). Atua nas dores de cabeça, calafrios e flatulência e também nos problemas da parte frontal do organismo.

Trajeto do Meridiano: começa na cabela, cruza a face, o pescoço, o tórax e o abdome, introduz-se no membro inferior e termina na extremidade do segundo dedo do pé. Possui 45 pontos bilaterais.

Elemento Metal – Outono – Tristeza Pulmão e Intestino Grosso

Quando o Verão passa para o Outono, a energia da Terra transforma-se em Metal. Durante a fase Metal, a energia começa novamente a condensar-se, a contrair-se, volta-se para dentro para se acumular e armazenar. Nesta fase libertamos tudo o que está gasto como as folhas das árvores que caem para poupar a essência. Se nesta fase não houver bastante energia para contrair, não haverá força suficiente para passar o inverno e o próximo ciclo da madeira/primavera será fraco.
Assim como o metal é a energia refinada extraída da terra e lapidada pelo fogo, o Outono é a estação onde devemos extrair aprendizagens das atividades do Verão.

A energia do metal controla o Pulmão, que extrai a energia essencial e expele as toxinas do sangue e do intestino grosso, que elimina a sujidade, enquanto retém e recicla a água do organismo. O Outono é a estação da Introspecção e da meditação, de reciclar sentimentos antigos, apegos externos e o excesso de emoções adquiridas durante o Verão. Se resistirmos a esta energia e ficarmos aprisionados no passado podemos criar estados de melancolia, de tristeza e depressão, que se manifestam com dores nas costas, dificuldades respiratórias, problemas de pele e diminuição da resistência.

Meridiano do Pulmão (Yin/Órgão Zang): recebe o oxigênio para o metabolismo; é um órgão de reserva de energia vital e da habilidade de aceitar a vida. O meridiano atua sobre os pulmões e as vias respiratórias na sua função de absorção e eliminação de substâncias gasosas; estimulado, age sobre todas as deficiências respiratórias.

Trajeto do Meridiano: nasce no tórax, na região subclavicular, percorre o braço e o antebraço pela face anterior e termina no polegar. Possui 11 pontos bilaterais.

Meridiano do Intestino Grosso (Yang/Víscera Fu): expele o desnecessário para o metabolismo; órgão de eliminação que afeta toda a eliminação através do organismo (pele, muco, etc…).O meridiano atua sobre o intestino grosso e sobre as suas funções de absorção líquida e eliminação de resíduos pesados e nos problemas da parte superior do corpo.

Trajeto do Meridiano: incia-se na ponta do dedo indicador, percorre a mão, o antebraço, braço, ombro, o pescoço, a face e termina junto à asa do nariz. Possui 20 pontos bilaterais.

As cinco fases da energia ou 5 elementos mantêm o equilíbrio interno e a harmonia entre as energias Yin e Yang, através de ciclos de equilíbrio e controlo, chamados ciclo produtivo e ciclo de denominação. Ambos os ciclos, que interagem e equilibram-se um ao outro, estão em constante atividade, mantendo o campo dinâmico destas forças polares, que é necessário para mover e transformar as energias.O ciclo produtivo cria energia e nutre a energia. Por outro lado, o ciclo de dominação cria uma relação de subjugar.

Os elementos devem conquistar um ao outro de acordo com uma lei definida. A madeira conquista a terra, a terra conquista a água, a água conquista o fogo, o fogo conquista o metal e o metal conquista a madeira. Esta regra que é preservada por Liu An do século II aC e é justificada por Pan Ku, um historiador do século II dC, compilador dos livros da era da dinastia Han, como segue:

“Pela madeira pode ser produzido fogo, pelo fogo pode ser produzido terra [em outras palavras, a madeira através do fogo é transformada em cinzas]; da terra pode ser produzido metal [por mineração]; do metal pode ser produzida água que pode ser transformada através do calor para um estado líquido], a partir da água pode ser produzida madeira [plantas] .Quando o fogo aquece o metal, ele o torna líquido [ou seja, ele o transforma no estado do elemento água]. Quando a água destrói o fogo, ela opera negativamente sobre o próprio elemento pelo qual ela é produzida. O fogo produz terra, mas a terra neutraliza a água. Ninguém pode fazer nada contra esses fenômenos, pois o poder que faz com que os cinco elementos se contraponham é de acordo com a dispensação natural do céu e da terra. Grandes quantidades prevalecem sobre pequenas quantidades, portanto, a água conquista o fogo. A espiritualidade prevalece sobre a materialidade, a não substância sobre a substância, assim o fogo conquista o metal; a dureza conquista a suavidade, daí o metal conquista a madeira; a densidade é superior à incoerência, portanto, a madeira conquista a terra; a solidez conquista a insolência, portanto a terra conquista a água “.

Além de estarem inter-relacionados como pais e filhos, ou como amigos e inimigos, os cinco elementos são representados pelos cinco planetas, de modo que a água corresponde a Mercúrio, fogo a Marte, madeira a Júpiter, metal a Vênus e terra a Saturno.

As teorias do Yin-Yang e dos 5 elementos representam ao mundo uma metodologia utilizada pelos Chineses ancestrais para o seu entendimento e explicação da natureza. A aplicação destas duas teorias na Medicina Chinesa consiste na observação do fenômeno e leis da natureza e na aplicação das mesmas no estudo das atividades fisiológicas e alterações patológicas do organismo humano e relacionamentos através da dinâmica de uma consideração de relações contraditórias, de dependência mútua, de aumento-consumo e de transformação. As atividades fisiológicas humanas normais são entendidas como o equilíbrio relativo e harmonização entre o yang e yin. Quando o Yin e Yang perdem o seu equilíbrio relativo e coordenação, as doenças aparecem. As teorias Yin-Yang e dos 5 elementos são usadas em conjunto como um guia para o diagnóstico clínico e tratamento terapêutico muito eficaz.

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O Processo Terapêutico na Medicina Tradicional Chinesa

Então como foi aqui estudado, compreendemos como a dinâmica do Ying e Yang e dos 5 Elementos funcionam e como essa dinâmica interna&externa determina nossa saúde física, mental, emocional e o nosso ambiente, pois tudo que é está fora também está dentro, e vice-versa. Por tanto, um Terapeuta da Medicina Chinesa enxerga e trabalha com você em totalidade, enxergando quem você é e como os seus hábitos alimentares, físicos, os ambientes que você frequenta, etc interferem e moldam o equilíbrio ou desequilíbrio do seu Chi e como tratar isso de uma maneira não invasiva por meio das técnicas da MTC, como citamos antes, a massagem, auriculoterapia, acunpuntura, fitoterapia, dietoterapia, etc, buscando a correção desses desequilíbrios que levam às doenças em todos os campos – físico, mental, emocional, espiritual.

Já a Medicina Ocidental, trabalha de forma contrária, olhando apenas os sintomas que o paciente apresenta e busca a eliminação dos mesmos de forma rápida por meio de pílulas que não levam o ser a uma auto-avaliação e a busca do conhecimento dos ciclos do seu próprio corpo, tornando-o um estranho para si mesmo, que apenas se ilude com soluções rápidas e ineficazes, para depois mais tarde, descobrir o agravamento daqueles sintomas iniciais se materializando em uma doença mais grave e sendo necessário procedimentos invasivos, como cirurgias, etc. Como terapeutas da MTC, sabemos que a dinâmica do Ying e Yang muda constantemente, a cada dia é um processo diferente que ocorre no corpo e cada ser é único. Conforme o que está ocorrendo, são tomadas as medidas necessárias através da estimulação ou sedação dos meridianos para re-equilibrar o ser, indo na profundidade da causa, na raíz, mas se o desequilíbrio já está evoluído e a doença se torna crônica, é um processo mais longo para correção e o retorno ao equilíbrio, e por isso que essa linha terapêutica trabalha com a prevenção, por que é uma das primícias para se manter a boa saúde e viver bem, com mais energia, disposição e fluidez.

As Terapias da Medicina Chinesa

Em outro post aqui do Jardim, listamos e detalhamos as Terapias da Medicina Chinesa de uma maneira bem simples e esclarecedora para quem quer saber mais e se trabalhar por meio dessas técnicas ancestrais incríveis pode continuar lendo aqui: Cura & Libertação com as Terapias Alternativas 

~*~

Eu comecei esse estudo das Terapias Alternativas na veia ancestral da Medicina Tradicional Chinesa há quase dois anos e hoje sou Massoterapeuta. Para mim é uma honra trabalhar com essas técnicas que são realmente muito eficazes e amplas, podendo-se trabalhar e tratar tudo quanto é desequilíbrio, e poder compartilhar dessa sabedoria no Grande Jardim, espalhando essa sementeira tão linda de conhecimento e de auto-cuidado que tanto carecemos nos dias de hoje. Espero que tenham gostado, provavelmente escreverei mais sobre esse tema por aqui.

Qualquer dúvida, vocês já sabem, só comentar aí embaixo ou entrar em contato pela página do Grande Jardim no Facebooks

Que a força esteja conosco! Ahooo. Haux haux. Gratidão à existência e todas suas nuances que tanto me ensinam a cada dia como SER humano ❤ Nos amo.

Por favor, lembre-se de compartilhar trechos ou textos completos do blog sempre com os devidos créditos!

Elaboração de YanRam para O Grande Jardim. Fontes: Livro Medicina Natural – Medicina Oriental de Dr. Márcio Bontempo ; Escola de Medicina Chinesa 

Leia mais: 

 

3 comentários em “A Sabedoria Ancestral da Medicina Tradicional Chinesa

  1. Nossa, matéria maravilhosa, adorei. Eu acordei hoje e ainda na cama veio uma fixação pela estrela de cinco pontas do quadrado mágico do imperador amarelo (que estou estudando), sem entender muito, RS. E qdo abro o e-mail está este boletim???

    Que perfeição está malha planetária não? rs.

    Gratidão eterna por suas pesquisas, matérias e postagens, enriquecem-nos e ajuda muito o Planeta.

    Sou grata. Aloha!

    Curtido por 1 pessoa

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