O Reino do Divino: A Dakini e sua Dança Sagrada

“Você é a nossa sabedoria Dakini,
Sem esforço, nos guiando com sua dança mágica,
De seres comuns à seres sublimes,
Sem desejos e com qualidades”. – A Dança Mágica de Thinley Norbu: A Exibição da Auto-Natureza das Cinco Dakinis da Sabedoria

Dakini pode ser compreendida como uma Deusa ou deidade feminina. No idioma tibetano, o termo Dakini é Khandroma (mkha’-‘gro-ma), que significa “aquela que atravessa o céu” ou “a que se movimenta no espaço”; também se refere a “bailarina celeste” ou “andarilha celeste”. Iconograficamente, seus corpos são representados em posições sinuosas e dançantes. É notável que, mesmo que sempre sejam representadas nuas e belas, quase nunca são associadas à sexualidade, mas sim ao desnudamento mental livre de todas as sombras. Os movimentos de sua dança representam os movimentos e pensamentos da consciência no fluxo mental e também o dharmakaya como florescimento espontâneo da mente do Buda, o rigpa.

Dançando nua e exuberante; Os espíritos das Dakinis anunciam o sagrado feminino na mitologia tibetana e no misticismo oriental. Semelhante à energia feminina bruta que pode ser evocada a partir da base da espinha na forma de kundalini, a Dakini representa o elemento de intuição e a clareza da verdadeira percepção.

Ela é uma energia brincalhona e muitas vezes travessa, exigindo intensos atos de humildade para os mortais obterem permissão para entrar em seus aposentos, ela pode parecer incrivelmente feroz e assustadora para aqueles que a entendem mal; tamborilando e dançando em seu palácio de crânios humanos.

A gênia e dançarina do céu, a Dakini, pode ser confundida com a energia sexual. Mas se você olha para além da camada inicial da Dakini, perceberá que ela é na verdade apenas uma metáfora do corpo, da corporeidade e da capacidade do corpo de manter o conhecimento. Ao contrário de sua contraparte masculina; sentado e ganhando conhecimento inebriante dos céus, a Dakini usa a energia e ação, constantemente em movimento, a fim de provocar o conhecimento tribal das profundezas do chakra da raiz.

No misticismo tibetano, a Dakini é um símbolo de humildade, e a arte feminina de ser humilde, não acreditando ser mais alta que qualquer outro ser e se curvando tão baixo que a testa toca o chão, concede ao praticante passagem pelo limiar do conhecimento para obter acesso à natureza da existência.

Assim como a incompreendida quantificação e glorificação do chakra da coroa e da mente na sociedade moderna, em comparação com o chakra da raiz, suas forças de intuição e celebração do poder do corpo, a energia feminina crua da Dakini é muitas vezes esquecida. Dar e consumir ultrapassa a verdadeira receptividade que nos enriquece e que nos equilibra com compaixão, amor próprio e a capacidade de reconhecer que temos tudo de que precisamos; tanto em nosso ambiente natural como em nossos próprios corpos. O sagrado feminino requer nada além da realização de seu próprio potencial, alimentado e nutrido pela natureza, e a satisfação de seus entes queridos. A Dakini é o verdadeiro contentamento; quietude, silêncio e vazio do grande vazio em toda a sua potencialidade.

As Dakinis são recorrentes no budismo Vajrayana (“Caminho Diamantino”, que simboliza a sabedoria que discerne agudamente como um raio) e, particularmente no Tibet, nos Himalaias. São tidas como possuidoras de um temperamento agressivo e volátil, agindo algumas vezes como musas (ou aspectos de inspiração para práticas espirituais). As Dakinis são entes femininos energéticos, que evocam o movimento de energia do espaço. Neste contexto, o céu e o espaço indicam o shunyata, a insubstancialidade de todos os fenômenos, que é ao mesmo tempo o potencial puro de todas as possíveis manifestações.

As Dakinis são agentes de provas e desafios. Há situações nas quais uma Dakini vem testar o conhecimento ou controle de um aspirante sobre um tema em particular. Muitas histórias dos Mahasiddhas no Tibet possuem passagens onde uma Dakini “perturba” ao aspirante a Mahasiddha. Quando a prova delas é superada, o aspirante é reconhecido como um Mahasiddha e eventualmente é levado à terra pura das Dakinis, um lugar de êxtase luminoso.

Segundo a tradição, uma Dakini deu a coroa negra ao terceiro Karmapa, Rangjung Dorje (1284 – 1339), quando este tinha três anos de idade. A coroa negra se tornou um emblema da linhagem de reencanações tibetanas.

As Dakinis se relacionam à energia em todas as suas funções, e também com as revelações dos Anuttara Tantras ou os mais elevados Tantras, que representam um caminho de transformação. Neste ponto, a energia das emoções negativas kleshas, chamadas de veneno, são transformadas na energia luminosa da claridade da Iluminação (jñana).

Aqui estão as várias maneiras pelas quais o Sagrado Feminino e seu exército de divindades Dakini podem se expressar em você:

A Dakini Branca do Oriente

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A Dakini branca é a terra firme e a preocupação com os ciclos de karma. Na Família das Cinco Dakinis, as Dakinis Brancos são dignas de confiança e generosas, concedendo o sucesso mundano àqueles que a “elogiam” ou a agradam. A Dakini Branca é um pouco mais parecida com um Bodhisattva do que com um ser humano e de bom grado renasce como um ser humano para se conectar com a terra e aliviar o sofrimento humano.

Dakinis brancos anunciam novos inícios e o ato de renascer; são os seres humanos mais dispostos, de boa vontade, ao ciclo do karma e têm um desejo ativo pela vida e seus altos e baixos. A desvantagem para elas, se houver, é que elas podem parecer muito inocentes e sensíveis; incapazes de superar a dor da empatia por muito tempo para ajudar os outros, em vez de simplesmente compartilhar seu sofrimento.

A Dakini Amarela do Sul

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O raio que sustenta a vida de Dakini do Sul é radiante e corado, puro e virtuoso, ela irradia compaixão e é a mais virgem e infantil das Cinco. Ela não permitirá que você renasça em qualquer reino inferior e que não tenha uma sede de aprendizado e vida, embora seja conhecida por se tornar um trapaceira se estiver descontente.

Ao contrário das formas mais receptivas de Dakini, a Dakini Amarela está mais preocupada em devorar a vida, e sua forma nua dança fervorosamente na exultação dos mais altos alcances da felicidade. Ela deseja e desfruta ao máximo, e é como qualquer imperatriz ou rainha indulgente; desfrutando das riquezas da vida sem levar mais do que ela precisa, ela eleva os outros com sua energia exuberante.

A Dakini Vermelha do Oeste

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A Dakini Vermelha, mais conhecedora do Ocidente, canta e dança, embora o faça com mais sabedoria do que as duas primeiras. Ela é inteiramente sábia e mais doadora; vendo os humanos como seus filhos, ela é uma mãe para todos. Em retratos mais negativos, ela pode estar associada ao fluxo de sangue humano e talvez seja a mais incompreendida das Cinco, ela detém o mais profundo conhecimento do corpo e de suas propriedades vivificantes.

A Dakini Verde do Norte

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A Dakini do eu evoluído é a mais severa das Cinco, mas é plácida e simboliza a longevidade e o renascimento no paraíso. Seu estágio representa a sabedoria pura, o tempo da iluminação e a realização do Nirvana quando o ego é transcendido e o grande vazio olha em si mesmo. Dakinis verdes são guerreiras solitárias, muitas vezes inteiramente preenchidas por seu próprio propósito e sem medo de trilhar seu próprio caminho. Essas Dakinis são revolucionárias, líderes e visionárias; as mais puras expressões de experiência, capazes de dar e receber em perfeito equilíbrio.

A Dakini da Lótus Rosa

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O Dakini final é a personificação do Sagrado Feminino e a mais pura expressão de compaixão e sacrifício. Ela carinhosamente deseja humildade e compaixão de todos os seus seguidores, e sua mão pode se virar para controlar Deuses, demônios e homens, se ela assim desejar. Ela é a fragrância da flor; a mais alta expressão de beleza e bondade sem motivação própria, ela está lá apenas para servir e curar.

De modo geral, as Dakinis estão associada com espaço, pois tem a capacidade de dar à luz perspectivas ilimitadas de atividades iluminadas tais como a pacificação, enriquecimento, magnetização e destruição. As Dakini também corporifica a união da vacuidade e da sabedoria.

Muitas pessoas associam os princípios de Dakini com beleza ou atrações físicas de uma mulher, porém este não é o sentido síntese. Uma Dakini tem a habilidade de mover-se livremente no espaço, um espaço que está além de pensamentos e além de formações. Este é o estado de consciência que está sob controle, estável e ainda sim, é livre. Todo mundo tem a capacidade e as potencialidades para a realização dos princípios da sabedoria Dakini ou a natureza dentro de si mesmo.

Salve as forças femininas!!

~*~

Fontes: Fractal Enlig. + Saberes do Sagrado Feminino ; Traduzido por YanRam para O Grande Jardim.

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