Através da prática, tenho percebido que posições, mudras, pranayamas, incensos e mantras são ótimas ferramentas para auxiliar no relaxamento e no alcance de níveis mais profundos de consciência, porém, o simples ato de observação e contemplação da mente pode ser o ponto inicial muito efetivo.
A meditação pode e gera resultados singelos se realizada frequentemente e sem nenhuma intenção. É como se, diante de todo o estímulo externo que se apresenta, nos permitíssemos parar um instante, que seja por um minuto, sejam cinco ou quinze minutos, esse tempo varia de acordo com a sua vontade e disponibilidade.
Fazer essa pausa (no transporte coletivo, no trabalho, em casa), fechar os olhos, ou não (você pode olhar para um ponto fixo se preferir), sentir seu corpo, músculo por músculo, desde o couro cabeludo até os dedos dos pés, perceber as tensões e soltá-las, maxilar, estômago, áreas genitais, olhos, língua e etc. É uma investigação de todo o seu corpo. Sentindo-o, percebendo-o e relaxando-o. Pode ser que surjam dores, lágrimas e/ou risos, faz parte da conversa interior. E então, ao sentir-se relaxadx, você foca apenas na entrada e saída de ar de suas narinas. Não precisa respirar profundamente, apenas tome consciência da sua respiração e procure manter-se nesse estado o quanto tempo que puder/quiser, apenas observando as imagens que passam pela sua mente, sons, cores, diálogos. A não interação com os mesmos é o foco. Não tem problema se estiver muito turbulento e você não conseguir deixá-los fluir tranquilamente, o exercício da pausa já desencadeia diversos fatores após retornar para suas atividades externas. Às vezes penso: poxa, não consegui meditar direito, estava muito barulhento aqui dentro, estou bagunçada, mas ao retornar da contemplação percebo que o externo está diferenciado, ou apenas a minha forma de percebê-lo. Inclusive, não precisa encontrar um local silencioso para meditar, claro que é muito mais agradável meditar perante belezas naturais, como uma cachoeira ou praia, montanha e enfim, mas estou falando da inserção da prática no cotidiano do cidadão metropolitano que corre o dia inteiro para sobreviver. Portanto, medite mesmo com os barulhos externos, eles fazem parte de você também. Foque em sua interação interna.
Para se alcançar níveis de silêncio são necessárias práticas regradas, constantes e leva tempo e disciplina, a meu ver.
Não estou desqualificando nenhuma prática de meditação, imaginação ativa e outras ferramentas que nos auxiliam a estar mais confortáveis dentro de nossos corpos. Com todo respeito, deixo aqui um recado aos seres que gostariam de meditar mas colocam diversas barreiras por medo de não conseguir.
Apenas pratique, é mais importante que chegar em qualquer lugar. Apenas respire e observe, sem nenhuma intenção.
Dentre os animais de poder, o urso, é o protetor. Ele medita inconscientemente.
A pensar que nos relacionamos através de projeções nx outrx acerca de quem somos ou imaginamos ser, se aprendermos a observar aquilo que reside em nós, podemos estar protegidxs de nós mesmxs e não cair na armadilha de compartilhar conteúdos não elaborados que espelhamos e multiplicamos essas frequências, apenas enxergando fora aquilo que está estancado em mim.
O auto conhecimento pode levar-nxs à integralidade de estar. Auto responsabilidade. Auto perdão. E, em decorrência disso, à compaixão mútua pelos processos existenciais, perdão pela não correspondência do outro às minhas angústias e então, a ciência da paz. Amar a si mesmo para amar x próximx. Conhecer suas limitações e saber-se humanx, para então, compreender que x outrx, sou eu, e amá-lx, respeitá-lx em sua trajetória. Assim como eu quero que tenham compaixão pela minha história, eu posso ser compassivx com a história dx outrx. Saber-nos falhxs e cheixs de efeitos.
Sucatear aquilo que menosprezamos e reciclar-nos sempre.
Busquemos o amor.
~*~
Texto reflexivo e muito inspirador por Erva Daninha.
Lembrando que somos um blog aberto e colaborativo! Participe você também ❤
Por favor, lembre-se de compartilhar trechos ou textos completos do blog sempre com os devidos créditos!
Leia também: A Pergunta é a Resposta
Um comentário em “A Mitificação da Meditação”