“A Pergunta é a Resposta”

“O brilho da mata que incendeia o buscador…”

Chegamos aqui com uma mão atrás e outra na frente, pelados, sem cabelo, sem dente e sem memória… O recomeço… 

Nesse recomeço ainda não reconhecido, a vida se desabrocha e somos cuidados por aqueles que nos trouxeram à este mundo, e é através deles que recebemos os primeiros cuidados e lições inconscientes que ficam guardadas no fundo da nossa alma, como se nossa terra estivesse sendo arada, preparada para os outros tempos que viriam. Quando chegamos à infância média, nos deparamos com um terço de um novo mundo, uma parte do total daquele que ainda experienciaríamos. Nesse período, apenas somos. Vivemos sem nos questionar, pois bagagem ainda não há e aproveitamos o momento livremente, sem as maiores preocupações de sobrevivência: alimento & abrigo,  pois temos anjos da guarda que se ocupam desta tarefa por nós, que nos cuidam, nos dão amor e aprendizado. A busca ainda inconsciente, experienciando tudo que chega até nós, tudo é novo, descoberta e contemplação…

Vem então as mudanças hormonais e um novo tempo em nossos corpos, a chamada adolescência, que traz consigo questões nunca antes levantadas, percepções até então adormecidas… Um novo olhar para agora, dois terços desse mundo, e a nossa terra continua a ser arada… Agora, os questionamentos se elevam à recusa da aceitação da “realidade” até então escondida por trás do véu, do nosso próprio véu. Parâmetros sociais chegam e nos percebemos diferentes dos outros, nos vemos, diferentes daqueles que nos criaram e daqueles que nos rodeiam. Citando agora Carl Jung, “A adolescência  representa a passagem da infância para a idade adulta, trazendo mudanças no corpo, na voz, no comportamento, e nas relações que o indivíduo mantém com o mundo e com ele mesmo. O adolescente questiona tudo. Tanto o seu mundo externo como o interno. É o tempo de fazer escolhas.”

A busca sobe para à beira do mar, no nosso consciente… E escolhemos, e agora escolhemos buscar e quais respostas aceitar e quais ignorar e negar (!!!), e assim, seguir buscando por alguma que se encaixe… E vamos vivendo, experienciando sensações novas até então não experienciadas, pensando em assuntos nunca antes pensados, se deparando com situações novas e percebendo novos lados de nós mesmos, novas ações e reações, novas interações. A partir daí, vamos caminhando no arado de nossa própria terra e seguindo nossa busca… Agora já saímos da nuvem de algodão da adolescência, com uma bagagem considerável em que as coisas ainda estão desfragmentadas e desconexas, e adentramos uma nova era de nós mesmos, uma compreensão nova surge e com ela a aceitação da realidade como ela é e de como os outros são, e percebemos nós mesmos percebendo, sentimos nós mesmos sentindo, vemos nós mesmos agindo como terceira pessoa… O início da maturação chegou. Nada mais tem de ser-lhe escondido, pois agora tudo se conecta e fragmenta, a causa, o efeito e a consequência de nós mesmos e dos outros no mundo como um todo. Agora a percepção de “eu” não existe sem o “você” e sem “eles”. Eu sem você e sem eles não há. A soma é reconhecida.

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Mas a busca continua…e foi refletindo sobre ela que veio a inspiração para este texto. A origem da palavra “buscar” é desconhecida, porém em minha busca (hahaha) me deparei com a noção de que ela veio da palavra “obscura”. Agora em devaneio… obs-cura / a busca cura? A luz foi a “saída” da escuridão, do obscuro… Então a busca nada mais é, que a saída do estado obscuro para compreensão?  Nossa consciência aparentemente abomina o vazio, e sempre busca… E nessa constante busca, quando voltamos ao estado de contemplação? Eis de tirar a mochila das costas! Reconhecer que só o agora existe, que o passado já foi e que o futuro ainda virá, e que a única realidade experienciada é o agora..

Há tantos que só buscam, buscam e mesmo encontrando o que buscam, não param para contemplar e voltam ao looping de buscar… Alguns começam a buscar a busca, buscar o que poderiam buscar, o que poderia ser buscado… Vejo então a busca como o impulsionador, o play que damos a nós mesmos, o provocador interno… Que nos leva ao caminho, e a busca é caminhar e não chegar!  Indo mais além nesse devaneio, acredito que foi assim que tudo se criou, a consciência cósmica buscando algo em si mesma explodiu e implodiu ondas de possibilidade…

Como adentrar em um labirinto, se deparando com inúmeros obstáculos e becos sem saída..Se perdendo e se encontrando meio a busca da saída, vamos arando nossa terra e passando os estágios da vivência terrena, e cada vez mais aprendendo a partir de todas as lições que nos são apresentadas, tanto das ruins como das boas..! Não esquecendo o lado “obscuro” da busca, em que o buscador se depara consigo mesmo, como olhando para uma lagoa tentando enxergar o fundo, e percebendo que quanto mais fundo se olha, mas o reflexo do que está acima se mostra…Por tanto, não importa por onde você comece sua busca, não importa o caminho escolhido, todos chegaremos ao mesmo ponto… Todos os caminhos levam à iluminação. Como Eckart Tolle faz um análogo…

Quando se abre o olho para coisas que ali sempre estiveram, mas que não haviam sido enxergadas antes, não há como fechar os olhos novamente. A soma continua, e suas variáveis combinações se manifestam através de você a todo tempo, o todo se expressa através de você, ama e odeia através de você, enxerga a si mesmo através de seus olhos. A criação contempla, questiona e busca a si mesma através de cada um de nós, de cada ser vivo, de cada soprada de vento… E estar, ser essa possibilidade viva é a grande magia! A grande resposta da busca.

A busca que nos trouxe ao recomeço…. do buscar.

~~***~~

A busca por um tema de postagem no blog me fez refletir sobre a busca e nasceu esse post, em que devaneios se misturam com a minha visão. Gratidão! Muito bom ter um espaço para tirar o coelho da cartola… ❤ Se desvaneie por aqui também! Só contatar através do Facebook

Feliz 2016! O recomeço do ciclo! Ahoooow! Ahaaaaa!

YanRam

Por favor, lembre-se de compartilhar trechos ou textos completos do blog sempre com os devidos créditos!

 

 

Um comentário em ““A Pergunta é a Resposta”

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