Na rua Ouvidor, número 63 no centro de São Paulo, próximo ao Vale do Anhangabaú e da estação de metrô que leva o mesmo nome, encontra-se a ocupação artística em um prédio abandonado, antiga Casa de Detenção para Adolescentes, Defensoria Pública, entre outros, que eles nomearam de Ouvidor 63. O prédio foi ocupado a pelo menos 5 anos, porém a somente 1 ano trata-se de uma moradia com a arte como temática.
A arte do edifício está presente em todos os lados para que se possa olhar, desde frases poéticas, tanto já conhecidas, como criações dos moradores; poesias inteiras da mesma natureza e principalmente pinturas e grafittes pelos 12 andares do prédio, tanto nos hall’s como dentro do espaço de moradia de cada um. Mas o principal espaço de união de diferentes estilos e vertentes é o porão. Principalmente por termos ido a exposição na semana de comemoração do primeiro aniversário da ocupação com esse enfoque. O evento conta também com uma amostra de cinema, onde do quarto andar eles fazem uma projeção de longas metragens no edifício a frente.
As obras são em sua maioria de cunho político e social, e estão principalmente nas paredes, feitas com diferentes tipos de tinta e até mesmo canetas. Vemos algumas montadas, que se tornaram transitórias pelo fato de ao estarem sendo diariamente visualizadas por seus autores, este acaba modificando-a. No porão as obras estão mais em telas ou esculturas e também em um telão suspenso. Ali acontecem as oficinas e por isso reserva-se um espaço com tintas e pincéis, onde os visitantes são convidados a pincelar o quadro. Levando o telespectador a uma interação física com a arte. Como em todos os outros âmbitos a simbologia é o instrumento de comunicação da arte. Independentemente da época ou ambiente, o artista expõe voluntária ou involuntariamente uma representação daquilo que ele experimenta ou até mesmo deseja experimentar em sua vivência. Como o próprio nome remete, ela se trata da tentativa, do risco, o experimentar seria o teste só que pra valer..
Como elas variam de formato (pintura, poesia, fotografia, etc) e de colocação no espaço, a identidade de cada obra fica sub-entendida. Cada hall manifesta as características de quem reside ali. Mas não somente, devido a liberdade que se tem em expressar-se nas escadas, por exemplo. O despreendimento artístico faz do local uma obra viva, pois em cada elemento percebe-se a naturalidade e fluidez da expressão inspirada pelo dia-a-dia de cada um, da experiência do convívio e da contra tendência social. Sem lógica temporal elas se tornaram peças de um composição única de contestação e isso fica ainda mais claro quando eles unem as obras em formatos tradicionais e outras em formato digital e audiovisuais em um único espaço. A causa politíca e a busca pelo desenvolvimento da conciência coletiva é o carro chefe da arte do prédio.
O espaço é aberto para o público a partir do ínicio da tarde e as oficinas de línguas, lutas, dança e pintura funcionam todos dias, com livre visitação e faixa etária.
Jordana Trindade
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