Simbologia: Os Atributos Animais dos Deuses – “O Homem e seus Símbolos” (1964)

Nas religiões e artes religiosas de quase todas as culturas os tributos animais associam-se aos Deuses Supremos, ou estes deuses são representados por animais. Os antigos babilônicos projetavam seus deuses nos céus, sob a forma dos signos do Zodíaco: o Leão, o Escorpião, o Touro, o Peixe etc. Os egípicios representavam a Deusa Hator com cabeça de vaca, o Deus Amon com cabeça de íbis ou sob a forma de um chacal. Ganesha, o deus hindu da sorte, tem corpo humano e cabeça de elefante, Vishnuu é um javali, Hanuman é deus-macaco etc.  Os hindus não colocam os homens em primeiro lugar na hierarquia dos seres: o elefante e o leão estão acima dele.
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Odin e os animais
Na mitologia grega encontramos inúmeros símbolos animais. Zeus, o pai dos deuses, muitas vezes se aproxima das jovens a quem ama sob forma de um cisne, um touro ou uma águia. Na mitologia germânica e nórdica, o gato é consagrado à deusa Ferya, enquanto o javali, o corvo e o cavalo são a Odin. Mesmo no cristianismo, o simbolismo animal representa um papel surpreendentemente importante. Três dos evangelistas têm emblemas de animais: São Lucas, o boi ; São Marcos, o leão, e São João, a águia. Apenas São Mateus é representado como um homem ou um anjo. O próprio Cristo aparece simbologicamente como o Cordeiro de Deus ou como o Peixe (representa a Era de Peixes, época da jornada de Jesus no grande jardim); é também a serpente. Esses atributos animais de Cristo indicam que mesmo o Filho de Deus (a personificação suprema do homem) não prescinde da sua natureza animal, do mesmo modo que sua natureza espiritual. Considerando o sobre-humano como partes do reino divino esta relação entre dois aspectos do homem é admiravelmente simbolizada na imagem do nascimento de Cristo em um estábulo de animais. Há também grandes números de mitos que dizem a respeito do animal original que deve ser sacrificado para assegurar a fertilidade ou mesmo a criação. Um exemplo dessa prática é o sacrifício de um touro por Mitras, o deus-sol dos persas, dando origem à Terra com toda a sua riqueza e fecundidade. Na lenda cristã de São Jorge matando o dragão também aparece o mesmo sacrifício ritual primitivo. Você gosta do nosso conteúdo? Apoie nosso trabalho doando a quantia que sentir no coração. (campo de doações no fim da página). A profusão de símbolos animais na religião e na arte de todos os tempos não acentua apenas a importância do símbolo, mas também mostra o quanto é vital para o homem integrar sua vida ao conteúdo psíquico do símbolo, isto é, o instinto. Mas no homem, o “ser animal” (que é sua psique instintual) pode tornar-se perigoso se não for reconhecido e integrado na vida do indivíduo. O homem é a única criatura capaz de controlar por vontade própria o instinto e também o único capaz de reprimi-lo, distorcê-lo e feri-lo – e um animal, para usarmos de uma metáfora, quando ferido, atinge o auge de sua selvageria e periculosidade. Instintos reprimidos podem tomar conta de um homem, e até mesmo, destruí-lo.  O sonho, muito comum, em que o sonhador é perseguido por um animal indica, quase sempre, que um instinto dissociou da consciência e deve ser (ou está tentando ser) readmitido e reintegrado na vida do indivíduo. Quanto mais perigoso o comportamento do animal no sonho mais inconsciente é a alma primitiva instintiva do sonhador e mais imperativa sua integração a sua vida para que seja evitado algum mal irreparável. Instintos reprimidos e feridos são os perigos que rondam o homem civilizado; impulsos desenfreados são os piores riscos que ameaçam o homem primitivo, Em ambos os casos o “animal” encontra-se alienada da sua natureza verdadeira e para ambos a aceitação da alma animal é a condição para alcançar a totalidade e a vida plena. O homem primitivo precisa domar o animal que há dentro dele e torná-lo um companheiro útil; o homem civilizado precisa cuidar do seu eu para dele fazer um amigo.  Essa bela análise foi retirada do livro “O Homem e os seus símbolos” escrito por Carl Gustav Jung, Jolande Jacobi, e Marie-Louise von Franz e publicado anos após a morte de Carl Jung, no ano de 1964. Foi sua última obra e a primeira em que buscava uma linguagem de fácil compreensão para quem quisesse lê-lo. Esse livro é incrível, vale muito a pena obtê-lo para a biblioteca pessoal. Obrigado! Você gosta do nosso conteúdo? Apoie nosso trabalho doando a quantia que sentir no coração. (campo de doações no fim da página). Por favor, lembre-se de compartilhar trechos ou textos completos do blog sempre com os devidos créditos!

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